Implicações Socioeconômicas e Técnico-Sanitárias da Lavoura de Tabaco na Região de Santa Cruz do Sul, RS, Brasil

Resumo

O modo produtivo da lavoura de fumo praticado há muitas décadas na região fumicultora do Vale do Rio Pardo, RS,  tem levantado suspeitas acerca dos malefícios ambientais e pessoais, devido ao padrão agroquímico/artificial posto em prática durante as consecutivas safras. Embora a solanácea represente segurança de venda às unidades familiares, o sistema de integração adotado recrudesce a dependência econômica e técnica. A par disso, depreendeu-se a necessidade de estudar os impactos destrutivos dessa lavoura no ecossistema e na saúde humana, em três municípios da região, confluentes com a bacia hidrográfica do Rio Pardinho. Neste texto, espera-se fazer uma retomada da discussão que se iniciou no relatório final da pesquisa denominada Tobacco growing and ecosystem effects. Por este meio, quer-se aprofundar questões sobre os aspectos socioeconômicos das diversas atividades agropecuárias, desenvolvidas pelos fumicultores que ajudaram a constituir o corpus de análise da pesquisa, cujos procedimentos metodológicos incluíram a realização de um total de 147 entrevistas realizadas através de um questionário. A forma tecnológica e os vínculos socioeconômicos da produção de fumo têm gerado problemas ambientais, despreparo dos agricultores com relação à manipulação de produtos tóxicos e ausência de uma renda satisfatória e necessária à melhoria da qualidade de vida das famílias. Mesmo assim, a lavoura de fumo continua sendo a principal (em alguns casos, a única) fonte monetária gerada nas unidades de produção familiar da região com área até 25 hectares.