Frantz Fanon, saúde mental e a práxis antimanicomial

Autores

DOI:

https://doi.org/10.47208/sd.v27i1.2809

Palavras-chave:

Frantz Fanon. Saúde Mental. Loucura. Luta Antimanicomial. Reforma Psiquiátrica.

Resumo

O presente artigo visa discorrer sobre a teoria e prática antimanicomiais de Frantz Fanon, extraindo subsídios à Luta Antimanicomial (LA) e Reforma Psiquiátrica (RP) brasileiras. Analisamos seus escritos psiquiátricos, demais produções que abarcam reflexões sobre a psiquiatria, saúde mental e loucura, junto de fontes secundárias sobre sua vida e obra como complementação e aprofundamento. Constatamos três pilares de sua práxis: a sociogênese da saúde mental e a loucura como patologia da liberdade; a necessidade de superação do manicômio; e a crítica à psiquiatria como braço do sistema colonial. Uma LA e RP que se nutram da práxis fanoniana e contribuam ao germinar de novos seres e sociedade, implicando em relações desalienadas e desalienantes, devem ser radicais: antirracistas, antipatriarcais, anticapitalistas e, num capitalismo gestado na/pela colonização, anticoloniais, pautadas nas necessidades de nossos condenados da terra, do asfalto, dos porões e senzalas.

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Biografia do Autor

Pedro Henrique Antunes da Costa, Universidade de Brasília

Psicólogo, mestre e doutor em psicologia. Professor da Universidade de Brasília. Instituto de Psicologia, ICC Sul, Campus Darcy Ribeiro, Brasília - DF. 70297-400.

Kíssila Teixeira Mendes, Universidade Federal de Juiz de Fora

Psicóloga e cientista social. Mestra e doutoranda em psicologia pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Programa de Pós-graduação em Psicologia, Instituto de Ciências Humanas, Campus da Universidade Federal de Juiz de Fora - Rua José Lourenço Kelmer, S/Nº - São Pedro, Juiz de Fora - MG. 36036-900.

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Publicado

2021-04-23

Como Citar

Costa, P. H. A. da, & Mendes, K. T. (2021). Frantz Fanon, saúde mental e a práxis antimanicomial. Sociedade Em Debate, 27(1), 66-82. https://doi.org/10.47208/sd.v27i1.2809